
“Como Deus não-há? Sem Deus tudo periga…”
Guimarães Rosa.
E o filho de Florduardo continua, desaforado:
“Se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, …, é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. … E o senhor sabe: Viver é um descuido prosseguido.”
Um dia as neurociências vão encontrar um lugar no cérebro responsável por produzir as imagens de Deus (provavelmente próximo ao córtex pré-frontal, logo abaixo da rebimboca da parafuseta). E se vier junto delas um hormônio que emagrece será a maior corrida por santinhos da história da Prainha.
Enquanto isso, figuras como Jung e o sertanejo de Cordisburgo vão afirmando a mesma coisa: a imagem de Deus é uma necessidade da alma, um produto da natureza a aperfeiçoar a si mesma, a proteger (“destorcendo os desatinos”) a si mesma.
Na linguagem de Jung, a ligação de Eu com o Si-mesmo.Na dos religiosos, Fé.
Na de Guimarães Rosa, Coragem.De qualquer forma, Urgência.